9.10.07

Paradoxo


Num certo sentido, nunca estivemos tão dependentes das contrariedades do real como agora: desde as alterações climáticas às flutuações do petróleo ou das taxas de juro, que condicionam a nossa vida até ao mais ínfimo do quotidiano, tudo parece enovelar-se numa teia de circunstâncias que nos tornam a vida cada vez mais difícil.

Ao mesmo tempo, porém, nunca houve tanta literatura, apologia, discurso ... apelando à libertação interior. Estão neste caso, por exemplo, os livros que enchem cada vez mais as livrarias, reais ou virtuais, os cursos ou seminários, os filmes...sobre auto-ajuda (nome genérico e algo vago para uma série de coisas distintas, uma espécie de salada onde cabe quase tudo).

Será que estamos perante uma "revolução interior" (uma "nova era" de espiritualidade) ou tão só perante uma nova forma de consolação, compensação, alienação (profundamente narcísica) para a nossa cada vez maior dificuldade, impossibilidade de agir no real?

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