8.10.07

Ainda a (des)propósito do último filme de David. Lynch

O que este filme nos dá a ver parece inteiramente descabido, sem lógica ou sentido algum.

Se há, apesar de tudo, uma lógica do sentido, com diria Deleuze, ela é a da própria vida ( e não apenas do sonho ou do cinema).

Com efeito, pensamos que a vida caminha linearmente, em linha recta por assim dizer, em que os tempos sucedem uns aos outros, numa acumulação progressiva, e os espaços se harmonizam por contiguidade. Segundo esta lógica, vamos ganhando cada vez mais (experiência, maturidade, juízo...) e aproximando-nos cada vez mais (da verdade, do belo ou do bom).

Porém, tudo o que ganhamos de um lado, perdemos do outro. A vida anda às voltas, confundindo o tempo e o espaço no mesmo vórtice. Quando pensamos ter aprendido a lição, o dia do exame já passou.

Parafraseando Freud (O Humor), a vida é apenas "um bom tema para uma piada". Mesmo se houve quem não tivesse achado muita piada ao filme de Lynch... ou haja quem não ache grande piada ao próprio Freud.

Sem comentários: