14.6.05

Poesia e política

Morreram, por estes dias, dois homens que marcaram gerações.

Um era poeta: Eugénio de Andrade; o outro, político: Álvaro Cunhal.

O primeiro cuidava de dizer-bem; o segundo, de fazer-bem.

Só que o primeiro fazia bem o que dizia; enquanto o segundo dizia mal o que fazia.

Um escolheu a poesia por ser boa política; o outro, ao escolher a política, fez má poesia.

Política é má poesia. Poesia é boa política.

Paradoxalmente, ao escolher a verdade, Álvaro acabou por mentir.

Ao escolher "mentir", Eugénio acabou por dizer a verdade.

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