
É o caso, por exemplo, do polémico "documentarista" americano Michael Moore. Decididamente interventivo (é disso prova não apenas o filme-documentário agora em exibição, Sicko, como igualmente o canal que o mesmo criou no Youtube, em que o público é convidado a partilhar as suas histórias sobre os "maus encontros" com o sistema de saúde americano), os seus "documentários" são um verdadeiro acto político, no sentido genuíno do termo. Na verdade, ele "interpreta" de tal modo o cinema e o documentário, que não sabemos verdadeiramente se estamos perante documentários elevados à DIGNIDADE do cinema ou este elevado à DIGNIDADE do documentário.
Tendo como pano de fundo o sistema de saúde americano, em particular as más experiências de uma série infindável de concidadãos com as poderosas e lucrativas seguradoras, ele tenta mostrar, à sua maneira, que não há clínica justa do sujeito sem uma ajustada clínica da civilização. Neste caso, da "civilização" americana. E, já agora, porque a "aldeia global" tende a "americanizar-se" a todo o gás, à "civilização" tout court.
No país do "sonho americano", o que este filme-documentário mostra é o seu reverso: um pesadelo. Nessa medida, ele dá que pensar. Já seria motivo suficiente, mesmo que não houvesse outros, para ir dar uma olhadela, não fosse a grande "paixão da ignorância" que vai por aí.
Um aparte:Quando assisti a este documentário fabuloso , havia apenas sete pessoa na sala. Repito: sete. Era Sexta-feira à noite. O cinema tinha nome: chamava-se Nimas. Já tive oportunidade de assistir, neste mesmo cinema, a verdadeiras obras primas. Por este andar - ou por esta inércia - ainda vamos acabar todos a gramar, sexta-à-noite, os "Morangos com Acúçar". Valha-nos Deus!)
1 comentário:
Vou assistir!!
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