19.7.07

Uma questão de cidadania


O dia 16 de Novembro foi consagrado como Dia Internacional da Filosofia pela UNESCO. Em Portugal, pelo contrário, a filosofia, tanto a nível do superior como do secundário, tem sido progressivamente diminuída, rasurada. Os nossos políticos, apostados na redução do défice, não se aperceberam até agora de que, a curto, médio e sobretudo longo prazo, é a cidadania (no que esta implica um espírito crítico) que está verdadeiramente em risco.

Se é verdade o que dizem as mais recentes descobertas no âmbito das neurociências, o nosso cérebro é suficientemente "plástico" para se moldar (até certo ponto, claro) em função das experiências, da aprendizagem, dos valores e dos conceitos. O que será, a longo prazo, um cérebro "reduzido" às coisas ditas "práticas", "profissionalizantes", ainda que possam levar a "novas oportunidades"? Há melhor prenda que se possa dar a um jovem que a "oportunidade" de reflectir um pouco sobre o está acontecer em redor?

É verdade que a escola também deve preocupar-se em formar bons profissionais (quanto mais não seja para alimentar a máquina capitalista), mas a sua vocação primordial não será, antes de mais, formar "sujeitos" de pleno direito e "cidadãos" no verdadeiro sentido do termo?

Falar, neste contexto, em "cidadania", como a finalidade última do ensino, é uma pura "fala vazia" sem consistência. E o problema é que a fala, mesmo quando vazia, acaba, mais cedo ou mais tarde, por ter os seus efeitos (perversos) no real.

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