18.1.06

Política e publicidade

Nas democracias representivas, a política já não consegue chegar aos cidadãos a não ser através da publicidade. (Cf. Jacques-Alain Miller, "Lacan et la politique", in Jacques Lacan, psychanalyse et politique, Cités, 2003).

Ora, acontece que a publicidade - apesar de ter um "poder" cada vez maior nas nossas sociedades - não tem "política", se entendermos esta como a arte ou a ciência do bem comum (da polis).

Sendo assim, o paradoxo é que a política depende cada vez mais do seu contrário.

Mas tal como na publicidade - que aumenta, de dia para dia, em sofisticação "formal" (para não dizer estética, pois aí tenho dúvidas) - também em relação à "publidade da política" é cada vez mais habitual a prática do zapping: quando entram em cena os candidatos, muda-se de canal.

É por isso que se ouve dizer com frequência, a propósito da campanha e pré-campanha para as presidenciais : "É muito tempo! Isto já devia ter acabado!"

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