21.4.05

o santomem


A publicação de um novo seminário de Jacques Lacan é sempre um acontecimento. E quando o texto tem em Joyce o pretexto, como é o caso, o acontecimento redobra. Ele é a prova de que a psicanálise, dentro e fora de muros, não perdeu ainda a sua produtividade. Ou não deveria ter perdido! Quando se fala tanto do "santo padre", este seminário mostra o que pode haver para além ou para aquém do "pai": o "sintoma" (que Lacan escreve de uma forma não usual, com uma grafia antiga - segundo uma preferência que era também a do nosso Pessoa em alguns escritos, como o Livro do Desassossego).

Saúda-se o estilo e essa espécie de "língua estrangeira na língua" que Lacan, Mallarmé, Joyce, Pessoa, entre outros, cultivaram: uma autêntica pedrada no charco da linguagem conformista e conformada que faz as delícias dos bem-pensantes do nosso tempo.

É uma linguagem que, por não estar na moda, nos permite recuar um pouco, tomar balanço e dar um salto em direcção ao futuro. É o que se espera!

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