12.2.06

O presente de uma ilusão


O presente é o futuro do passado.

No passado, Freud - adepto das luzes - acreditava que a ciência haveria, no futuro, de destronar a religião; no presente (sexta-feira passada, mais concretamente), o papa Bento XVI responde que a ciência não é incompatível com a religião, que elas não são antinómicas.

A ciência esvazia o mundo de sentido e povoa-o com letras, números e formas geométricas; a religião faz o inverso: repovoa o mundo de sentido.

É por isso que a religião triunfa em toda a linha: com a ciência (a católica, apostólica e romana) ou sem ela (como é o caso de diversas formas de "fundamentalismo" que têm dado cartas nos últimos tempos).

Todo o sentido é, no limite, religioso. Quando mergulhamos no rio do sentido, acabamos, mais cedo ou mais tarde, por desaguar no "oceanário" da religião.

Porém - como dizia Lacan no dia 11 de Março de 1975 - "o real é o que é expulso do sentido".

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