13.9.11

Cuidado com o que se diz

Tem-se dito, nos últimos tempos, muita coisa sobre a crise económica e financeira na Europa, em particular sobre a possibilidade de incumprimento ou insolvência da dívida grega.

É certo que o valor da palavra (a deusa Atena falava de Ulisses, no Canto II da Odisseia, como "homem para cumprir acto e palavra") se perdeu entretanto; daí que se insista cada vez mais, por vezes até ao sufoco, na exigência da escrita: tudo deve ser escrito, ainda que não seja para ler.

Contudo, mesmo se desvalorizada, a palavra - aquilo que se diz - não deixou de ter consequências. Tendo perdido o esteio simbólico que  lhe servia de base- ela empenhava o sujeito que a proferia, mas também a comunidade que a tinha por lei - a palavra ficou, por assim dizer, desgovernada, ao saber de ventos e caprichos. Quando alguém (um ministro alemão, por exemplo) abre a boca, as águas dos mercados agitam-se, os ventos fazem tremer as bolsas (entenda-se a palavra como se quiser) e o barco europeu (é uma imagem helénica) fica prestes a afundar...

Daí que a desbocada Angela Merkel se tenha lembrado de dizer a alguns dos seus ministros mais entusiasmados: "Cuidado com o que se diz!"

Será que ela própria acredita nisso?


1 comentário:

AS disse...

rinotightegrallEu acho que quem anda atremer somos nós!
Ela só treme se lhe mexerem no bolso!!