4.2.10

Uma nova alegria?

Numa época triste como esta, em que tudo parece ficar cinzento e "ordenado" (desde tempos remotos sempre houve, aliás, quem pretendesse, por todas as boas razões do mundo, submeter o CAOS à ORDEM), poderá a psicanálise trazer uma NOVA ALEGRIA?

Em tempos, foi também uma certa DESORDEM subjectiva que me fez entrar em análise. E nem o método cartesiano, apelando à CLAREZA e à DISTINÇÃO, foi capaz de  fornecer REGRAS PARA A DIRECÇÃO DO ESPÍRITO que me ordenassem adequadamente o  pensamento e a vida!

O pensamento é um bicho estranho! Dá voltas e mais voltas. Ao longo de vários anos procurei ORDENÁ-LO, pô-lo na ORDEM. Escovei ideias e palavras em busca de um estilo limpo. E não me envergonho completamente do resultado.

Mas a vida é assim! A Minha psicanálise não me trouxe mais gosto pela ORDEM; deixou-me, pelo contrário, um pouco menos limpo, menos escovado, mais desordenado. É por isso que eu sinto, numa altura em que todos exigem ou se precipitam, correndo atrás de uma palavra-de-ordem (por aqui se vê o poder do que Lacan chamava o significante-mestre), em direcção à ORDEM (dos médicos, dos psicólogos...quem sabe se um dia dos professores, dos psicanalistas, dos filósofos, pois vê-se de tudo neste mundo!), que DEFINITIVAMENTE quero ser desordenado, tal como é SINGULARMENTE cada um de nós!

Quero que a minha luta, o meu combate não seja pela ORDEM (mesmo se também não pretende ser pelo CAOS), mas pela SINGULARIDADE!

E isso, acreditem, traz-me uma NOVA ALEGRIA!

1 comentário:

ALexandra disse...

Aqui entre nós, a tua "desordem" e "desalinhamento" vê-se por fora e fica-te bem ;)