28.1.09

A máquina da avaliação

Afinal, eles querem ou não querem ser avaliados? É uma pergunta que se faz por aí...

Para a opinião pública, cansada de tanta greve e manifestação, o que eles não querem é ser avaliados; já os sindicatos - e demais professores - fazem questão de dizer, quando isso é questão: mas nós queremos ser avaliados!

Seria, talvez, necessário ir um pouco mais longe - ou mais fundo - e perguntar: onde radica esta vontade de avaliar (ou de ser avaliado), esta poderosa máquina retórica que tende a alastar não apenas à educação, mas também à saúde (física ou psíquica) e demais domínios da existência humana?

Em 2004, quando os ventos do furor avaliativo tinham já lançado, em França, as primeiras rajadas, Jacques-Alain Miller (em colaboração com Jean-Claude Milner) dava a seguinte resposta: "(...) pode dizer-se que a avaliação está em marcha desde a emergência do discurso da ciência. A avaliação, por todo o lado, não é um acidente, um avatar, é um momento necessário da grande "cifragem" (chiffrage) do ser que começou, pelo menos segundo Heidegger, com Descartes" (Cf. Voulez-vous être évalué? Paris: Bernard Grasset, 2004, p. 65).

Relativamente a esta razão objectivante, calculadora... que Heidegger (cada vez mais actual) não cessou de evidenciar, somos todos subjugados; os promotores das actuais políticas da educação (saúde, etc.) não menos do que nós, mesmo que finjam, que façam de conta, do alto da sua obstinação, que são mestres e senhores do jogo.

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