Parafraseando José Gil, poderíamos dizer que nós, portugueses, temos um certo "medo de existir" sem um espelho que nos reflicta e onde nos possamos rever e comparar.
É actualmente "in" a comparação com finlandeses, irlandeses e outros "eses" quejandos, como se eles fossem um espelho que reflecte as nossas imperfeições e, ao mesmo tempo, um modelo a seguir que nos serve de referência.
No fundo, os outros (países) somos nós "idealmente" considerados: revemos-nos neles, constituímo-nos neles a através deles. Eles são, para nós, uma espécie de "eu-ideal", colectivo, especular.
O nosso desejo - como diria Hegel - é o desejo do outro. Eis a nossa costela "histérica": moldamos-nos facilmente, aparentemente, ao desejo do outro, ainda que, lá no fundo, isso não nos diga "nada".
E assim evitamos confrontar-nos com a única pergunta que vale a pena: o que queremos fazer de nós, para nós, singulares que somos, independentemente do que os outros, mais decididos, quiseram para eles.
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