Não há aparentemente nada mais diverso e incompatível entre si que "catolicismo" e "comunismo". Entre o sumo pontífice dos católicos (o santo padre) e o sumo pontífice dos comunistas portugueses (Cunhal) parece não haver mais proximidade que entre a água e o azeite.
E, no entanto, ao ver, por estes dias, a multidão a aclamar o pai-morto (veja-se, por exemplo, a imagem que vinha hoje no Público), a compará-lo a Cristo (só faltou crucificá-lo, como dizia alguém, emocionado, no Fórum da TSF), a pedir que seja elevado a "santo"..., reconheci nisto algo de déjà-vu.
Deixando de lado as "pequenas diferenças", o que move uns e outros parece ser mais comum do que se imagina (do que imaginam os próprios) e religá-los todos - segundo a etimologia da palavra religião - num mesmo "ideal": humano, demasiado humano.
No inconsciente, os extremos tocam-se. Cristo: o primeiro comunista. Cunhal: o último Cristo.
Sem comentários:
Enviar um comentário