28.6.07

A arte do corte

"Lady Chatterley", a premiada, vista e aclamada adaptação ao cinema do romance original de D.H. Lawrence é um filme soberbo. Não só porque retrata uma história de amor e paixão (muitos outros o fizeram antes) nem porque o faz de maneira exuberante (a paisagem é grandiosa, musicando a acção e pintando os estados de alma das personagens), mas sobretudo porque a sua realizadora, Pascale Ferran, sabe "cortar" no momento oportuno.

Depois de assistir por duas vezes, com todo o pormenor, ao acto sexual entre os protagonistas, Constance e Parkin, o espectador (ou melhor: eu, como espectador) pergunta-se: e agora?

Há algo que se "perde" na repetição do acto. A mesma experiência (as mesmas imagens) repetidas duas vezes não conservam o mesmo fulgor.

Pois bem: a grandeza do filme está em que Pascale Ferran sabe quando tem de "cortar, mantendo um resto, por ver, que causa o desejo.

Um grande filme de amor...pelo cinema.

26.6.07

Curitiba

No imaginário dos portugueses, o Brasil é sinónimo de calor. É-nos difícil imaginar que haja Inverno no Brasil, mesmo sabendo que há Inverno!

Pois bem: não só há Inverno, como também há Outono. Mais do que isso: há certas regiões onde o Outono, em certos dias, cheira a Inverno.

Um desses lugares é Curitiba, no Estado do Paraná. Chegou a fazer, enquanto lá estive, zero graus. É isso mesmo: zero graus! É por isso, também, que eu fiquei a gostar de Curitiba: é uma cidade por assim dizer atópica".

Mas sobretudo, o que eu recordo das jornadas sobre "Direito e Psicanálise" (na Universidade Federal do Paraná) onde tive o imenso prazer de participar, não é frio, não, mas uma grande calor: o entusiasmo posto nas diversas comunicações, a amizade, o convívio...foram inexcedíveis!

É por isso que eu não posso deixar de enviar daqui, deste lado do Atlântico, um grande abraço para todos os amigos que lá deixei.

23.6.07

"A ponte"


A tentação mais usual tem sido comparar " A Ponte" (o filme-documentário de Eric Steel) aos "reality-shows" em voga nas televisões de todo o mundo. Percebe-se a razão: durante todos os dias de 2004, câmaras dispostas em vários ângulos registaram os últimos momentos de uma série de suicidas que se atiraram da famosa Golden Gate Bridge, em São Francisco.

Que fosse por um certo pudor (relativamente à intimidade) ou devido às reservas (éticas) levantadas por alguns críticos de cinema por quem eu nutro um certo respeito (por exemplo, João Lopes), resisti, até hoje, a ir ver o documentário.

Acontece que depois de ver o filme, tornou-se nítida, para mim, uma diferença crucial entre "A ponte" e um simples "reality-show": neste há a ilusão de tudo mostrar, de tudo dar a ver; naquele, pelo contrário, o que surge, a cada passo, é a impossibilidade de tudo mostrar, de tudo dar a ver.

Quando pensamos numa série de câmaras dispostas de modo a tudo captar - como se fosse possível filmar a "verdade" da própria morte - só podemos sentir-nos defraudados, pois o que vemos é um conjunto de transeuntes que passeiam sobre a ponte mais famosa do mundo, sendo que, alguns deles, a certa altura, passam ao acto, caindo como farrapos. Há pouca diferença, em termos de imagem, entre a queda destas pessoas e a da garrafa atirada borda fora, sobre a baía, por um dos transeuntes.

Se fosse apenas isso, o documentário seria a coisa mais enfadonha do mundo; porém, ele é entrelaçado por falas diversas (desde os familiares e amigos mais próximos de alguns dos suicidas até um dos "suicidas" sobreviventes) que vão pontuando as imagens, como se houvesse nelas uma tentativa de compreender, de "simbolizar", de dar um sentido à insensatez do acto. Mas, também aqui, as razões (familiares, sociais, psicológicas, psiquiátricas, afectivas, genéticas...) parecem deixar um resto: é como se cada uma das testemunhas vivesse uma espécie de dilema (por que não dizer ético) em relação ao que fazer, sabendo que, em última análise, sobretudo em determinados casos (pois a passagem ao acto parece não ter a mesma natureza em todos os casos) não há grande coisa a fazer.

A grande diferença, a meu ver, entre um "reality show" (tipo Big-Brother) e este documentário é a seguinte: aquele mostra a a realidade tal como ela é enquanto este se instala no limiar, no limite (na borda da ponte) onde a realidade toca no real, no impossível de ver. Quando olhamos, há algo que escapa à visão e é aí, precisamente, que isso nos toca, nos olha, nos concerne.

Nem todo o "real" (da morte) é racional, racionalizável, simbolizável.

Os suicidas escolheram não "atravessar a ponte" (contrariamente ao que sugere, real e simbolicamente, o seu nome), mas atirar-se dela. E o que, finalmente, é mais "chocante" neste filme, não é o que ele revela sobre a morte, mas o buraco que cava na vida dos vivos.

A prova de que ele tem pouco a ver com um simples reality show é que este tipo de programas tem sempre muita audiência, enquanto " A Ponte (The Bridge) estava quase às moscas. Havia, para além de mim, mais cinco pessoas.

22.6.07

A grande ilusão


Na introdução à obra de Gilles Lipovetsky, Sébastien Charles escreve, a certa altura, o seguinte: "sob o reino da moda total o espírito é menos firme mas mais receptivo à crítica, menos estável mas mais tolerante, menos seguro de si mesmo mas mais aberto à diferença, à prova, à argumentação do outro."* E um pouco mais à frente: "(...) o trabalho das luzes prossegue, os indivíduos saem da sua menoridade e são cada vez mais capazes de examinar livremente, de se informar, de pensar por si mesmos (...)**

Não será esta a "grande ilusão" do nosso tempo?

É verdade que nos tornámos mais "reivindicativos" e menos "submissos" (em relação ao Outro) - pelo menos na aparência; que damos mais facilmente a nossa opinião sobre (quase) tudo; mas tal não significa que somos mais "críticos" ou que a nossa opinião revele uma capacidade de "examinar livremente" ou de "pensar por si mesmo" (basta pensar, por exemplo, na quantidade de opiniões que circulam pela rádio, pela televisão, pelos jornais, pelos blogues...): elas repetem-se umas às outras, como se não importasse o que se diz, mas apenas dizer. A publicidade que é feita aos telemóveis - apelando a cada um de nós que fale, fale... mesmo que não tenha nada a dizer - é um bom exemplo disso.

Por outro lado, não há nada menos seguro do que a ideia de que nos tornámos mais "tolerantes" (apesar da ideologia que faz supor o contrário) ou que estamos mais "abertos à diferença" ou à "argumentação do outro".

O verdadeiro "espírito crítico" pressupõe um certo distanciamento (espacial, temporal, afectivo...) em relação aos acontecimentos; ora, na era do instantâneo e do efémero, parece não restar muito espaço nem tempo para a "crítica".

Nesse aspecto, Gilles Lipovestsky tem razão: tornámo-nos essencialmente "hiperconsumidores".

*Gilles Lipovetsky, Sébastien Charles, Les temps hypermodernes. Éditions Grasset & Frasquelle, 2004), p. 31.

**Ibidem, p. 32.

21.6.07

O objecto voz


A "voz humana" serve para diversos fins: exprimir uma emoção ou uma ideia, fazer um apelo, transmitir uma informação, etc. Deste modo, ela serve de "meio" de comunicação entre os humanos.

Geralmente, a "voz" não é perceptível enquanto tal, ficando por assim dizer "calada" enquanto falamos uns com os outros. Quando a voz começa a ouvir-se já é problemático: o que pode ir de uma simples "estranheza" (quem não tem a experiência do incómodo que é ouvir a sua voz gravada ou o retorno da mesma quando fala, por exemplo, ao telemóvel?) até à angústia avassaladora que é experimentada em certos fenómenos de natureza psicótica.

Nesses casos, a "voz" perde a sua dimensão de "meio", de instrumento de comunicação, para ganhar uma consistência própria, uma textura ou "substância de "gozo".

Fazer dessa textura uma obra, tomando a voz como matéria de criação, é um outro exemplo, diverso, da manifestação da voz enquanto voz. Eis o que vem fazendo, desde há alguns anos, Fátima Miranda (a quem já chamaram simplesmente "a voz").

Com uma sublime mestria, ela consegue elevar a voz à dignidade da "coisa".

Um verdadeiro acto de "sublimação", como diria Lacan.

20.6.07

A verdade e a mentira


Wittgenstein, um importante filósofo do século XX, afirmava, a certa altura, que aquilo que não se pode dizer, mostra-se. Não seria possível inverter a ideia, afirmando que aquilo que não se pode mostrar, diz-se?

Há um limite, um impossível de dizer, ao nível da palavra, tal como há um limite, um impossível de mostrar, ao nível da imagem. É por meio desse "impossível" que "ex-siste" algo de real.

Mas há, não obstante, imagens que falam como poucas palavras e palavras que mostram como poucas imagens.

Um bom exemplo de palavras que mostram como poucas imagens é uma frase que surge, algures, no último livro de José Eduardo Agualusa (Cf. As mulheres do meu pai, Edições Dom Quixote): "De quantas verdades se faz uma mentira?"

Esta frase pode ser lida, pelo menos, de duas maneiras: a "histérica" e a "obsessiva". No primeiro caso, seria: a mentir se diz a verdade; no segundo: dizendo a verdade se mente.

Mas ela é, sobretudo, a perfeita ilustração de uma "banda de moebius", essa figura da topologia que, aparentando ter dois lados, tem apenas um: entre a verdade a a mentira, mais do que oposição, há continuidade.

É por isso que a ficção tem um valor fundamental: ela é tanto a casa da mentira como da verdade.

17.6.07

New age


Numa carta endereçada a Freud, o escritor francês Romain Rolland expressava a opinião de que a verdadeira origem da religiosidade residiria num "sentimento oceânico": uma sensação de "eternidade", de algo sem fronteiras, sem limites (Cf. Freud, O Mal-estar na Cultura).

Freud, que começara por contestar a "universalidade" e a pertinência deste sentimento, procurou, apesar de tudo, situá-lo de um ponto psicanalítico, buscando esclarecer as razões "psicopatológicas" que estariam na base de um tal sentimento.

Isto era escrito na primeira metade do século XX. Hoje, passado todo este tempo, o evangelho do "sentimento oceânico" parece regressar em força sob o nome, um pouco difuso, de "New age": uma "nova era" de espiritualidade, de harmonia universal e sem fronteiras. Na "era" da televisão, da internet e do Marketing generalizado, esta "espiritualidade ecléctica" rapidamente se espalhou à escala global. As livrarias (reais e virtuais) do mundo inteiro vendem-na como se fossem rebuçados.

Não obstante, sob este manto diáfano que cobre o mundo, as "guerras religiosas" ou para-religiosas nunca estiveram tão vivas. O que levanta a questão: o que (de)nega, ou pretende, (de)negar a ideologia new age?

Por outro lado, é verdade que o mundo é cada vez mais "um só": mas isso, como sabemos, é conseguido graças, não ao poder da espiritualidade, mas da economia global e sem fronteiras. Enquanto "consumidores", somos cada vez mais "um só".

Todos somos, efectivamente, consumidores, até da espiritualidade new age

15.6.07

Um sonho europeu


Hoje, a "globalização" começa a fazer sintoma, a causar mal-estar a vários níveis e em diversos domínios.

Mas o que é a "globalização" senão a realização do "sonho europeu"?

Como dizia há algum tempo atrás Peter Sloterdijk, "sem navegação e sem a capacidade extraordinária dos europeus de dominar o Atlântico, a globalização nunca teria acontecido" (Expresso, 24 de Março).

O sonho, quando "realizado", transforma-se em pesadelo (temos vários exemplos na história do século XX). Ainda assim, ele tem um valor: põe a nu o "real", o impossível, que o habitava.

É talvez por isso que Hölderlin implorava à Parca, num dos seus poemas, que "ao sonho não desse fim cedo de mais" (Cf. Poemas, Relógio D'Água, p. 149).

12.6.07

A felicidade paradoxal


Segundo o conhecido filósofo e sociólogo Gilles Lipovetsky, a sociedade entrou numa nova era (de hiperconsumo*) e num novo tempo (hipermoderno**). Uma das consequências desta "evolução" traduz-se no que ele chama a "felicidade paradoxal". Esta reside, basicamente, no seguinte: nunca foi tão grande e tão alargada a exaltação da melhoria contínua das condições de vida, ao mesmo tempo que o indivíduo contemporâneo jamais atingiu um tal grau de "desamparo".

É como se a "exigência de felicidade" (a todo o preço) acabasse por se revirar, paradoxalmente, no seu avesso: a in-felicidade. O imperativo que nos diz, a cada momento, "sê feliz", não nos deixa gozar em paz a felicidade, visto que transforma rapidamente toda a possível "felicidade" em infelicidade. Num tempo em que parece ser pecado ser infeliz - tal é a religião sem Deus que nos domina - somos todos infelizes.

Aquilo que aconteceu - é a minha proposta - foi a passagem de um tempo em que a felicidade era um "desejo" (toda a gente desejava ser feliz) para um tempo em que a felicidade passou a ser uma ordem , um imperativo: "deves" ser feliz!

A felicidade tornou-se, parafraseando Lacan, um "imperativo de gozo". Uma das consequências é o acréscimo da depressão e dos estados depressivos.


* Cf. Le bonheur paradoxal, Éditions Gallimard, 2006

**Cf. Les temps hypermodernes, Éditions Grasset & Fasquelle, 2004

11.6.07

O som do silêncio

Os momentos de pausa, de corte... têm a sua importância. John Cage, por exemplo, na sua obra "4'33", foi claro ao mostrar que em 'quatro minutos e trinta e três segundos de silêncio' não é apenas este que se escuta, mas igualmente todos os sons que vêm habitá-lo.

A todos aqueles que vêm habitar os silêncios (intermitentes) do meu blog, um agradecimento sincero. Eles são, também, o que me faz ex-sistir.

29.3.07

Um desejo chamado Europa


No "centro geográfico" da Europa, algures na Alemanha, há um campo de trigo. O seu dono, subitamente famoso, desconhecia que ali, algures no seu campo de trigo, fica situado o centro da Europa. Alguém lhe comunicou o facto, permitindo-lhe entender o que os seus olhos não tinham visto ainda (eis uma boa forma de explicar, às crianças, a diferença platónica entre o sensível e o inteligível: o centro da Europa é uma realidade inteligível, embora não sensível).

Esta "invenção"simbólica (1) de pontos (ou centros) no real tem efeitos sobre o próprio real. No caso presente, o nosso homem, tímido, viu-se de repente lançado para as luzes da ribalta (em particular na Alemanha, onde vários meios de comunicação passaram a assediá-lo). Dá-se aqui algo semelhante ao que Lacan costumava dizer dos elefantes: quando alguém pronuncia a palavra elefante (por exemplo, um caçador), mesmo se ele não é visível, se não está presente, isso acaba por ter efeitos sobre o destino que se abate sobre ele (quer isso implique a morte, a extinção ou a sobrevivência).

Por outro lado, o facto, aparentemente "natural", de existir um "centro" da Europa, acaba por ter pouco de natural e relevar essencialmente de uma "ideologia" ou, até, de uma topo-logia assente na ideia centralista da Europa. Desse ponto de vista, há países mais "centrais", isto é, mais perto do centro, e outros mais periféricos, como Portugal. É interessante como nós próprios temos o hábito de colocar o problema dessa forma: somos periféricos em relação à Europa.

Nesse sentido, poderíamos dizer - não temendo o paradoxo - que a revolução copernicana ainda não conseguiu minar esta ideia centralizadora da Europa (não nos esqueçamos que foi Copérnico, um europeu, quem descentrou o mundo em relação ao sol, embora também ele, apesar de tudo, continuasse a alimentar a sua ideologia centralista). De tal forma é assim, que se discute cada vez mais onde devem situar-se, não apenas o centro geográfico, mas também os centros financeiro, político, etc. da Europa, o que tem gerado, naturalmente, atritos e sintomas diversos.

Pois bem, que seria da Europa se começássemos a pensá-la de um modo, por assim dizer, "atópico", isto é, sem um lugar "central", como uma estrutura perpetuamente descentrada, sem que isso constituísse um problema, causa de mal-estar, e fosse, pelo contrário, sinal da vitalidade própria de todas as coisas que estão vivas, pois, como dizia Nietzsche da criatura humana, a vida é feita de dissonância. Aliás, não tem sido isso a Europa, desde sempre: uma linha de fuga, uma centri-fugação?

Nesse caso, não se discutiria tanto sobre qual ou onde deve ser o "centro" disto e daquilo, ou quais as línguas que devem ter a primazia (perante a babelização cada vez maior da Europa), ou até se deve, ou não, ensinar-se uma "história" comum europeia (segundo a ideia peregrina da ministra da Educação alemã, há algum tempo atrás). Talvez não se falasse tanto da "crise" (do que faz sintoma), visto que a Europa seria o seu próprio sinthoma (2), isto é, o seu próprio descentramento. Em vez de queixar-se da falta de um centro, saberia o que fazer (de novo) com isso.

António Guerreiro, no último número do Expresso (Actual, nº 1795, 24 de Março de 2007), chamando a atenção para esta falta de "centro" (de figura definida, de identidade...histórica, geográfica e cultural) da Europa, relembra a sua origem mítica, segundo a narração de Heródoto: Europa, a bela princesa arrancada à sua terra natal, no continente asiático, é levada para uma terra desconhecida, ainda sem nome, que se situa a ocidente, face à Ásia. É aqui que António Guerreiro acrescenta um comentário que nos parece essencial: "Nesta deslocação forçada, a terra da Europa não surge ainda senão como horizonte e - poderíamos dizer - como desejo. É um desejo de ocidentalidade que nunca mais deixará de mover a Europa" (p. 10). Não devemos esquecer, porém, que este desejo é colocado no lugar do Outro: a Ásia, neste caso.

Eis o que Wim Wenders diz de forma explícita num artigo intitulado: "Dando à Europa uma alma" (op. cit., pp. 11-17): "Os que vivem há muito tempo na Europa parecem cansados dela. Os que não se encontram lá, que vivem noutro lado, querem chegar aqui a todo o preço e juntar-se a nós. O que é isso, então, que alguns têm e já não querem, e por que outros anseiam tanto?"

Parece, então, que é só vista de fora, do lugar do Outro, que a Europa ganha consistência e identidade. O desejo que move a Europa é, assim, um desejo do Outro (não só porque vem dos outros, mas também porque é desejo de outra coisa). Seremos nós, europeus, capazes de agarrar, de novo, a seta do desejo que nos des-centra?

(1) Mesmo quando se trata de "geografia", a determinação de um "centro" depende de coordenadas, de um enquadramento ou de uma rede simbólica.

(2) Retomo aqui um termo do último Lacan.