28.6.07

A arte do corte

"Lady Chatterley", a premiada, vista e aclamada adaptação ao cinema do romance original de D.H. Lawrence é um filme soberbo. Não só porque retrata uma história de amor e paixão (muitos outros o fizeram antes) nem porque o faz de maneira exuberante (a paisagem é grandiosa, musicando a acção e pintando os estados de alma das personagens), mas sobretudo porque a sua realizadora, Pascale Ferran, sabe "cortar" no momento oportuno.

Depois de assistir por duas vezes, com todo o pormenor, ao acto sexual entre os protagonistas, Constance e Parkin, o espectador (ou melhor: eu, como espectador) pergunta-se: e agora?

Há algo que se "perde" na repetição do acto. A mesma experiência (as mesmas imagens) repetidas duas vezes não conservam o mesmo fulgor.

Pois bem: a grandeza do filme está em que Pascale Ferran sabe quando tem de "cortar, mantendo um resto, por ver, que causa o desejo.

Um grande filme de amor...pelo cinema.

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