6.7.08

Contra-senso

Para quem gosta de cinema e não se contenta com meras con-fusões emocionais (sem palavras), apreciações mínimas do tipo "gostei", "não gostei" ou sofisticadas reflexões estétic0-formais, geralmente desprovidas de substância, existe um autor incontornável. Não porque alguns tenham feito dele, nos últimos tempos, uma espécie de estrela Pop, mas apesar disso. Chama-se Slavoj Zizek.

Em praticamente toda a sua obra (de que uma boa parte foi vertida para português em 2006, pela Relógio D'Água) o cinema marca presença: ou porque é directamente abordado ou porque serve de fundo a outras reflexões.

Temos agora, em português, um conjunto de quatro ensaios sobre quatro cineastas (Kieslowski, Lynch, Hitchcock e Tarkovski), num volume intitulado "Lacrimae Rerum" e publicado pela Orfeu Negro.

Num estilo que mistura a anedota com o exemplo mais corriqueiro, e em que a constante digressão (arriscando fazer perder a paciência aos que preferem a linha (quase) recta das auto-estradas às curvas e contra-curvas das estradas secundárias), Slavoj Zizek consegue escrever a contra-senso, num mundo em que predomina cada vez mais o bom-senso e o senso-comum, mesmo que a ideologia new age nos faça acreditar no contrário.

Sem comentários: