18.1.11

Uma imensa minoria

Era o slogan de uma rádio que já não existe: para uma imensa minoria.

O senhor Manganelli, organizador das conferências do Senhor Eliot (um dos últimos livros de Gonçalo M. Tavares) começa por dizer antes de cada conferência, desculpando-se, o seguinte: Hoje não está muita gente.
 
Hoje não está muita gente nas conferências sobre poesia (quem quer saber disso em momentos de crise?). Hoje está pouca gente em quase todos os lugares onde o acontecimento não deita fumo, não faz barulho, não  explode como um homem-bomba.

Há certos lugares, até, onde não há mais do que quatro, cinco pessoas. Não obstante, se estes quatro ou cinco tiverem um desejo decidido, uma energia que não vem dos elementos, eis que podem constituir já uma imensa minoria; tanto mais que o singular - como dizia, há vários séculos atrás, quando não havia ainda televisão ou internet, Baltasar Gracián - pode por vezes ser plural, uma pessoa pode ser muitas. Resumir numa coisa ou numa pessoa uma categoria inteira é a mais intensa espécie de singularidade.

Tanta gente, afinal...

1 comentário:

Alda disse...

physivEste livro é fantástico. Quando acabas de ler perguntas: Mas já acabou? Sabe a pouco!