27.1.11

O poder da pergunta

 Gonçalo M. Tavares foi o primeiro convidado do Café com Letras (Câmara Municipal de Oeiras) em Fevereiro de 2006. Após ter ganho entretanto diversos prémios, entre os quais o Prémio do Melhor Livro Estrangeiro 2010, em França, com o seu romance Aprender a Rezar na Era da Técnica, o escritor voltou a ser entrevistado no mesmo espaço e pelo mesmo entrevistador de então, Carlos Vaz Marques, a propósito dos seus mais recentes livros publicados, no nomeadamente, Uma viagem à Índia.

 A certa altura, falando-se de política, Gonçalo M. Tavares disse mais ou menos o seguinte (e cito de cor): Pensamos que somos livres pelo facto de podermos dizer sim ou não a uma pergunta que nos é feita, quando, pelo contrário, a verdadeira liberdade consistiria em poder escolher a própria pergunta, a nossa pergunta, pois não é certo que as perguntas que nos são feitas tenham algo que ver com os nossos problemas.

Na era do "inquérito" (Cf. Matteo perdeu o emprego, pp. 31-32), do questionário, a liberdade que resta ao sujeito parece ser apenas a de preencher um conjunto de casas vazias de perguntas já-feitas por alguém suposto saber quais são os nossos problemas e qual seria a boa solução para eles. 

Dar espaço ao sujeito para que este formule as suas perguntas e à sua maneira; eis o que é hoje também - poderíamos dizer - uma questão política.

1 comentário:

Morckyta disse...

Infelizmente há sujeitos que não "sabem-fazer" com esse espaço, essa liberdade.
Obrigada Filipe =)
Alexandra