4.12.05

O mel da tristeza

Music, Zoran, Poltrona Grigia, 1998

Estudos recentes parecem revelar que nós, portugueses, somos dos mais tristes da Europa. É como se houvesse mel na tristeza, uma espécie de néctar que nos atrai.

Será isto “cobardia moral” ou o nome do sintoma, por excelência, que nos habita?

Sermos habitados pelo ver(me)bo que nos corrói e dilacera, deixa-nos um pouco tristes.

A crer no que Jorge Calado escreveu no último expresso (Revista Única, 3 de Dezembro de 2005, pp. 24-28), a propósito da monumental exposição que decorre actualmente em Paris sobre este tema, a melancolia não é nossa nem de agora, mas uma espécie de constante que resiste ou subjaz às diversas metamorfoses por que passou ao longo do tempo e das diversas abordagens de que foi alvo: Bílis Negra, Acedia, Spleen, depressão, etc. Mudam-se os tempos e os nomes, mas ela, permanece.

Não será a melancolia um dos nomes do sintoma (ou, como escrevia Lacan, Sinthoma) incurável que nos habita? Se assim for, então não se trata apenas de saber como fazê-la desaparecer, mas como usá-la bem. Parafraseando G. Perec, poderíamos dizer: melancolia, modos de usar.

É em torno desses modos de usar da melancolia que gira o dossiê consagrado ao tema pelo nº 8, Hors-Série, do Magazine Littéraire (Outubro-Novembro de 2005). Vale a pena ler!

Para informações complementares:
www.magazine-litteraire.com

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