22.7.05

Todos inválidos

O nome engana: o "capital" (caput, capitis) é acéfalo, sem cabeça, reproduzindo-se indefinidamente como um animal bizarro.

É um "imperativo cego", inconsciente, que obriga a trabalhar sem descanso para nada mais que a re-produção ela mesma.

O lucro, de um lado, para alimentar a máquina; do outro, a eliminação dos gastos, do supérfluo, do que não serve para nada, a não ser gozar - como se a máquina, não fosse, ela mesma, um "aparelho de gozo"!

Paradoxalmente, o supérfluo, o detrito, o desemprego, a massa dos que não servem para re-produzir, os inúteis, os inválidos, os que não têm valor, etc. não pára de crescer. É o que a máquina acéfala produz e re-produz sem parar: exclusão sob todas as formas.

Um novo slogan revolucionário poderia ter esta fórmula: inúteis de todo o mundo, uni-vos! Só que a revolução é o que fazem os astros que voltam sempre ao ponto de partida.

Do ponto de vista do "capital" (acéfalo), somos todos inúteis, todos inválidos. É uma questão de tempo.

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