Não sei se o nome marca o destino do sujeito. Seria engraçado pensá-lo desta forma.Veja-se o exemplo de "Bacon", cuja arte é indesligável da "carne"; ou de Tàpies, a riscar constantemente na "parede"; ou de Pessoa, a "des-persona-lizar" o tempo todo...
Christo (Javacheff) tinha um sonho bastante comum: ser artista. Como não sabia o que fazer, pôs-se a sonhar. Se eu fosse "Cristo", faria milagres.
Cristo era um tipo que fazia milagres e foi embrulhado, quando morreu, num lençol: o santo sudário.
Christo acordou de repente do seu sonho - como se tivesse ressuscitado - e disse: achei a resposta. Vou embrulhar objectos.
Passou então a embrulhar todo o tipo de objectos que encontrava, sobretudo os mais vistosos: grandes pontes, monumentos e paisagens. O paradoxo era que, ao ocultá-los, os tornava visíveis. As pessoas reparavam agora neles.
E nele! Atraindo o olhar das pessoas para aqueles embrulhos (fazer embrulhos é uma prática, aliás, muito comum), Christo fazia-se olhar através deles.
Não é essa, afinal, a essência da arte: fazer-se olhar através dos objectos criados?
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