Tendemos ainda, porventura, a pensar a Internet como um apêndice ou uma espécie de anexo ao mundo real. Dizemos "virtual" como quem diz "aparente". Uma espécie de véu encobrindo a nudez da própria coisa. Um novo manto de Noé.
E se, não obstante, o "virtual" fosse tão ou mais "real" que a própria realidade que pisamos todos os dias com os nossos pés e vestimos com a nossa fantasia? E se a Internet fosse, hoje, a divisão principal da casa e a realidade - lá fora - um simples anexo?
Fala-se já de novas patologias ligadas ao abuso da Internet, mas também de (novas) terapias que recorrem cada vez mais ao seu uso.
X. fica angustiado cada vez que pensa abrir o email após um fim de semana "desligado"; Y não consegue deixar de pensar no que haverá no email de urgente para resolver, mesmo quando está "desligado". Z. fica inibido quando abre o email e se depara com um sem número de coisas urgentes para resolver...ontem.
Exemplos de novas formas de inibição, sintoma e angústia na era da Internet.
Não é Freud, porventura, que carece de um upgrade, mas a Internet que o torna cada vez mais updated.
4 comentários:
Há quem diga que a Internet aproxima os que estão longe e afasta os que estão perto.
Muito bem dito!
Mas, de fato, o que é o real? O hinduísmo- não que com ele eu concorde- acredita que a nossa existência é uma ilusão, estar no mundo(maia) não é o essencial. Mas ao estar no mundo nos apresentamos como realmente somos ou o que somos é o que apresentamos ser?
É tão bom poder dizer olá a alguém que não podemos ver... Como para tudo, ou quase, também neste novo mundo o segredo é, a meu ver, a justa medida, não será?
Um abraço.
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