12.7.10

Escrever direito por linhas tortas

Para além do tão famigerado polvo, fica deste mundial a queixa persistente em relação à bola (Jabulani) fabricada pela Adidas para o mesmo: que não era previsível, que fugia das mãos dos guarda-redes, enfim, que fazia lembrar (houve quem dissesse!) uma bola comprada no supermercado.

Contudo, após um exame levado a cabo por cientistas da NASA, chegou-se à conclusão que a tão criticada bola era, afinal, "perfeita". A mais perfeita que alguma vez se produzira. Uma "esfera quase perfeita" que, sem dúvida, faria as delícias de Aristóteles e c.ª, se por acaso fossem vivos e gostassem de futebol. A sua imprevisibilidade resulta, segundo o estudo referido, do seu grau de perfeição. A uma certa velocidade, ela torna-se imprevisível.

Quando sonhamos com uma coisa perfeita tendemos a imaginá-la " como algo que não salta das mãos, que se cola ao pé e, sobretudo, que desenha trajectórias previsíveis, ou seja, que escreve direito por linhas direitas. Mas não é bem mais incrível que a perfeição máxima contenha, afinal, essa imponderabilidade, esse impossível de prever? Que quanto mais perfeita é uma coisa, mais imprevisível se torna?

Pelo menos a esta hora, quando ainda celebram a vitória, os nuestros hermanos  poderão dizer: ela escreveu direito por linhas tortas!

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