13.5.10

Mudam-se os tempos...

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Quem não conhece este famoso verso do poeta Luís Vaz de Camões?

Porém, ao ver o mar de gente que se espraiou em Fátima, dei comigo a pensar: ainda que mudem os tempos, a "vontade" permanece igual.

Dizendo de outro modo: se bem que mudem as vontades, o "desejo" mantém-se.

Ou então: mesmo quando o desejo parece mudar, eternamente deslocalizado de si mesmo, há uma estranha satisfação (um gozo, dizia Lacan no seguimento de Freud) que nos mantém inertes.

A prova está no ritornelo, no refrão que teima em repetir-se, indiferente à mudança e à passagem do tempo: Fado, Fátima e Futebol.

Fátima é o que se vê.

O futebol vem aí.

E o fado...é ainda mais antigo que a República.

4 comentários:

Anónimo disse...

Freud em seu escrito, O Mal-estar na civilização, diz: "(...) a religião consegue poupar várias pessoas à neurose individual, fixando-as violentamente num infantilismo psíquico e inserindo-as numa ilusão coletiva." Acredito que essa leitura seja vália para os tempos atuais. O Papa, o grande Pai, que salva a todos do desamparo, do vazio, da indiferença da vida. Mas, no caso da visita do Papa, temos vários fatores que devem ser levados em consideração, como o fator político. Tudo é bem mais complicado do que parece. Depois de refletir sobre essa complexidade, acho que vou à Fátima, depois ao fado, depois ao futebol...a vida fica mais simples!
Cláudia.

filipe.pereirinha disse...

É a chamada "santíssima trindade"! Um nó a três!Um "rond de ficelle"!

Anónimo disse...

O que seria deste país sem Fátima, futebol e fado?

Nem que Freud desça à terra... consegue alterar estes F F F ...
Alda

Filipe Pereirinha disse...

O papa diria ainda melhor: "nenhuma força adversa conseguirá destruir a igreja".

Restam, porventura, as forças "amigas", aquelas que têm vindo a fazer "interiormente" o seu trabalho, junto dos "mais pequenos"...

Essas são as forças "êxtimas", quer dizer: intimamente "adversas"!