Na sequência de casos de violência, física e psicológica (bullying) ocorridos em escolas portuguesas nos últimos tempos (supostamente na origem de passagens ao acto suicidas por parte de um aluno e de um professor, segundo o que tem sido notíciado), todas as vozes (inclusivamente aquelas que outrora se calaram ou, pior ainda, deram o seu Ámen a um Estatuto do Aluno que era francamente "laxista" para estes e "punitivo" para os professores), vêm agora clamar: punição! Punam-se os alunos, punam-se os pais dos alunos, puna-se toda a gente, se for o caso! É preciso acabar com a violência nas escolas! E quem discorda? (O caso foi hoje discutido na Assembleia da República).
Mas a punição é um último recurso; por isso, há cada vez mais quem defenda que a resposta está sobretudo na "prevenção". É preciso "prevenir"!
Não há prevenção sem "previsão". Por isso, é previso "pre-ver": ver antes, com antecedência. Vigiar.
Eis a nova "palavra-de-ordem": PREVENÇÃO! Isso pode ir muito longe: desde antes do nascimento até depois da morte. Entrámos definitivamente, e a todo o vapor, na "civilização do olhar". Vigiar (isto é, prever) para prevenir.
Pôr a sociedade sob vigilância faz com que toda a gente se torne progressivamente vigilante de toda a gente, e de si mesma. Se o mal está em mim, o "chui (flic) também. É preciso que eu me vigie. Culpado e vigilante, assim será o sujeito da civilização do olhar (Cf. , Gérard, Wajcman, L'oeil absolu, p. 103).
O melhor é ficar, desde já, PREVENIDO!
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