Se o "inconsciente está estruturado como uma linguagem" (Lacan) e se as linhas com que se cose o destino do ser falado e falante também são as da língua (lalangue), então quando se procede a alterações orto-gráficas, como é o caso, tal não pode deixar de ter consequências para esse mesmo ser.
A língua é uma coisa viva e não há, por isso, que lamentar as "alterações". Elas acabam por acontecer de um modo ou de outro, com ou sem "acordo".
Claro que uma língua não é feita unicamente para "comunicar", mas também e, fundamentalmente, para atrapalhar, enredar, provocar equívocos e mal-entendidos. E nenhum "acordo" orto-gráfico vai conseguir, alguma vez, "endireitar" a língua...
E ainda bem, pois o que seria, por exemplo, da "piada", do dito espirituoso se o equívoco desaparecesse?
Mas não há que temer: com ou sem acordo, o mal-entendido vai continuar!
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