O que este filme nos dá a ver parece inteiramente descabido, sem lógica ou sentido algum.
Se há, apesar de tudo, uma lógica do sentido, com diria Deleuze, ela é a da própria vida ( e não apenas do sonho ou do cinema).
Com efeito, pensamos que a vida caminha linearmente, em linha recta por assim dizer, em que os tempos sucedem uns aos outros, numa acumulação progressiva, e os espaços se harmonizam por contiguidade. Segundo esta lógica, vamos ganhando cada vez mais (experiência, maturidade, juízo...) e aproximando-nos cada vez mais (da verdade, do belo ou do bom).
Porém, tudo o que ganhamos de um lado, perdemos do outro. A vida anda às voltas, confundindo o tempo e o espaço no mesmo vórtice. Quando pensamos ter aprendido a lição, o dia do exame já passou.
Parafraseando Freud (O Humor), a vida é apenas "um bom tema para uma piada". Mesmo se houve quem não tivesse achado muita piada ao filme de Lynch... ou haja quem não ache grande piada ao próprio Freud.
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