8.7.07

Cristianismo: perversão ou subversão


Na época em que predominam as espiritualidades exóticas e eclécticas (estilo new age), não deixa de ser paradoxal que um autor como Slavoj Zizek volte a insistir no carácter "subversivo" do cristianismo, ao lado das suas tendências "perversas".

A ideia geral (partilhada por Freud) é que o cristianismo é uma enorme máquina "repressiva", em particular da sexualidade. O paradoxo é que "quando a ideologia dominante nos manda gozar o sexo, não alimentar nenhum sentimento de culpa em relação a ele, pois não estamos limitados por nenhumas proibições cuja violação nos faria sentir culpados, há um preço a pagar por essa ausência de culpabilidade: a angústia" (cf. Zizek, A Marioneta e o Anão, Relógio D'Água, p. 70).

E se o cristianismo, com os seus "interditos", fosse não apenas um modo de nos poupar essa angústia, como, ainda por cima, constituísse um verdadeiro "aparelho de gozo"?

Como diz Zizek, citando Chesterton: "'o cristianismo é o único quadro possível para a liberdade pagã', o que significa precisamente que esse quadro - o quadro das proibições - é o único no interior do qual podemos fruir dos prazeres pagãos: o sentimento de culpa é uma falsificação que nos permite entregar-nos a esses prazeres. Quando este quadro desaparece, surge a angústia" (p. 71).

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