Visto que o único "argumento de autoridade" que hoje nos resta é a ciência, há muita bizarria que cresce à sua sombra.
Em 2004, quando os ventos da avaliação começaram a soprar pelas bandas da psicanálise (ainda não se conhecia na altura a amplitude e vastidão dos seus estragos), Jacques-Alain Miller, com uma finura e acutilância assinaláveis, dizia o seguinte: "Sob o pretexto de que há medida, que se afere (étalonne), numera (chiffre), compara, etc, imagina-se que é científico. Isto não tem nada de científico e os melhores avaliadores, os mais inteligentes, que se defrontam com o problema, sabem perfeitamente que não se trata de uma ciência. Não é porque há cálculo que há ciência." (Voulez-vous être évalué?, Éditions Grasset et Fasquelle, p. 41).
Se a avaliação não é uma ciência, o que é então?
A resposta é dada logo no início, no subtítulo: uma "máquina de impostura" (machine d'imposture). Voilà!
Ainda assim, como se vê a olhos vistos, com efeitos reais incalculáveis...
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