O humor que se faz tende a resvalar cada vez mais para o "cinismo"; veja-se, por exemplo, o "Tubo de Ensaio" (Bruno Nogueira, TSF) ou aquele programa de que não lembro o nome e em que o mesmo Bruno Nogueira teve um diálogo deveras edificante com o seu entrevistador (?) Rui Unas (cito de cor, pois não me lembro dos termos exactos):
- E se eu te comesse agora?
Perante a anuência do seu interlocutor, os dois (Nogueira e Unas) parodiam um acto de sodomia ao vivo. No fim, Rui Unas remata do seguinte modo:
- Obrigado por teres sido meigo.
Longe vai O dito espirituoso nas suas relações com o inconsciente (como escrevia Freud há pouco mais de um século). O humor é, tradicionalmente, uma curva, um passar ao lado: o caminho mais longo entre dois pontos. Tal como defendiam os antigos "cínicos" - mas sem a convicção destes - o humor que se faz hoje em dia é cada vez mais objectiva e abjectivamente directo: "o caminho mais curto".
Há algum tempo atrás, alguém perguntava (creio que ao Bruno Nogueira); há limites para o humor? Ao que este respondeu: Não!
Nem sequer o "bom gosto" é já um limite para o humor; basta ouvir algumas emissões do Tubo de Ensaio.
Definitivamente, a ordem simbólica está a mudar. E o (nosso) humor também.
Sem comentários:
Enviar um comentário