Numa entrevista concedida ao Jornal de Letras, Artes e Ideias acerca do seu último livro - Uma viagem à Índia -, o escritor Gonçalo M. Tavares dava a seguinte imagem: Se alguém sai à rua com um martelo na mão o mundo torna-se em algo de martelável.
O instrumento conta: ele lança na sombra tudo aquilo que está fora do seu raio luminoso.
Se o instrumento se chama, por exemplo, "Padrões de Desempenho" (segundo o último Despacho ministerial sobre a avaliação), o mundo transforma-se em algo de "padronizável": com muitos "indicadores" e "descritores", é certo, mas sem nenhuma atenção ao que é imprevisível, imponderável.
Desprovida da singularidade, a roda do moinho - pedra redonda e pesada - torna-se mais leve e gira mais depressa, uma vez que lhe falta grão.
Mas de que serve a uma roda rodar se lhe falta grão?
1 comentário:
Muito bom! Aqui no Rio sofremos com estas padronizações. Principalmente na atual gestão da Secretaria Municipal de Educação. Os incritérios não levam em consideração o imponderável. O que seria essencial nas relações humanas. Um abraço.
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