16.1.10

Moral da história

Temos ouvido nos últimos tempos uma série de vozes credenciadas apelando à "poupança", ao "corte" ( nos salários), ao "controlo" (do défice), à "moralização" (das finanças, da economia), à "contenção" (nos gastos, no consumo), enfim...

Provindos do capitalismo, tais apelos não deixam de parecer um tanto ou quanto suspeitos. Não é a essência do capitalismo, afinal de contas, a elevação do consumo ao zénite? O orgasmo do consumo, do hiperconsumo (Lipovestky)?

Não espanta, por isso, que as pessoas andem confusas, "desbussoladas" (Forbes). Devem ou não devem consumir? Se não há consumo, o capitalismo murcha, não é verdade?

O consumo é o viagra do capitalismo. Sem consumo, o capitalismo não infla, não se põe de pé. Dá-se a grande "deflação", a disfunção eréctil do capitalismo, se me permitem a analogia.

O que exigem de nós os novos grandes "moralistas" do capitalismo é, por assim dizer, que fiquemos "tesos"...sem tesão!

Moral da história?

Ou teremos já, como pretenderam alguns, chegado ao fim da história?

Em tempos assim, os "moralistas" surgem de onde menos se espera.

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