Uma menina de 11 anos, a pequena Coraline (ou Caroline?), dá-nos a sua versão das coisas: o que cansa mesmo é viver todos os dias com as as mesmas pessoas que não parecem ligar-nos patavina, de tal forma estão ocupadas com outros afazeres mais urgentes. É este o caso, por exemplo, do pai e da mãe da pequena Coraline: seres "planos", a "duas dimensões", aborrecidos e cheios de trabalho, como todos os pais " a sério"...
É num desses dias, em que o aborrecimento toma conta da pequena Coraline, que ela decide explorar os recantos à casa, acabando por descobrir uma porta secreta que dá acesso a uma outra realidade. Aí encontra o mesmo "cenário" (uma casa em tudo parecida com a primeira, um pai e uma mãe como os seus), embora pintado com outras tintas (o pai e a mãe são agora seres maravilhosos, "arejados" e inteiramente disponíveis para satisfazer, plena e imediatamente, todos os desejos da menina). Não há lugar para o tédio nesse mundo perfeito, de tal modo que a pequena Coraline se põe a sonhar como seria bom permanecer para sempre naquele mundo maravilhoso, sem ter de acordar na sua velha casa, junto aos seus pais "a sério".
Há só um pequeno pormenor que faz "mancha" no quadro, destoando do conjunto: no lugar dos olhos do pai e da mãe maravilhosos, há dois botões cosidos. É perante a proposta de trocar os seus lindos olhos por um par de botões (o que tornaria possível ficar para sempre naquele mundo maravilhoso, dando cumprimento ao seu desejo) que a pequena Coraline fica horrorizada, apercebendo-se do embuste em que caíra ao atravessar a "porta secreta" . É o instante em que o sonho de um mundo perfeito e maravilhoso cai por terra, revelando ser, afinal, um pesadelo.
Também nós, espectadores, somos tomados da vertigem de um outro mundo, a três dimensões (colocados que são os óculos especiais para o efeito), longe da "planura" do quotidiano. Também nós acordamos do sonho...
Os filmes que um pai ou uma mãe " a sério" têm de ver quando há filhos pequenos... Graças a Deus!
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