21.2.06

Os três impossíveis


Educar, governar e psicanalisar eram, para Freud, três nomes do impossível.

Há quem diga que Portugal é ingovernável, que não é educável nem mesmo psicanalisável, apesar das tentativas de fazer a psicanálise mítica (Eduardo Lourenço) do destino português.

Dito isto, tem havido por parte deste último governo, socrático, uma clara aposta na governação e na educação. Ele parece querer passar ao acto onde outros, como Guterres, não passavam do blá-blá-blá. Parafraseando Marx, onde aqueles se limitaram a pensar o mundo, este governo propôs-se transformá-lo. Em particular: o mundo da educação. Na verdade, para bem dos nossos jovens e do futuro radioso do país, não há mês, semana, dia em que não saia mais uma medida inovadora - e geralmente muito aplaudida por quem é leigo no asssunto ou eloquentemente falacioso, como José Lello, o propagandista de serviço deste governo: o Inglês, no Primeiro Ciclo, os planos de recuperação e desenvolvimento para o Ensino Básico, as substituições para o Básico e, agora, diz-se, para o Secundário, enfim, uma panóplia de remédios para sarar o mal-estar na educação.

Entre falar ou agir, pensar (muito) e decidir (pouco), a aposta é clara: agir, fazer, mesmo se em vão, de qualquer maneira, em cima do joelho. Agir de forma a que se veja, pois, como se diz, uma imagem vale mais do que mil palavras. Dar a ver tudo quanto se faz e desfaz.

O resultado? Uma luta de puro prestígio (Hegel) entre o governo, barricado, de um lado, e os sindicatos, do outro. Não se trata de ver quem tem razão, mas de medir forças. Não há diálogo, mas apenas dois monólogos. Nisto tudo, a educação não passa de um pretexto.

Quando a chama se extinguir, o que restará deste confronto político-educacional será apenas cinza ou algo mais?

Talvez então se perceba que não se trata de opor o dizer ao fazer, mas de bem dizer algo que faça acto.

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