Vêem-se por aí homens e mulheres estátua, fazendo profissão de estar imóveis num mundo que acelera dia após dia, aumentando sempre mais a velocidade.
As empresas buscam "fidelizar" os seus clientes, atribuíndo por exemplo cartões que dão pontos e pontos que dão descontos, num mundo em que os clientes são cada vez mais infiéis.
Diz-se procurar o crescimento e a beleza interior num mundo onde a cosmética e a cirurgia plástica se propõem restaurar e rejuvescecer o aspecto exterior. É engraçado ver pessoas bonitas falando de "beleza interior" após se terem sujeitado a uma plástica!
Tenta dar-se a cada um a ilusão de que ele é original, mestre e senhor da sua vida, de que pode escolher à vontade, "personalizando" tudo a seu gosto, num mundo padronizado, cada vez mais uniforme, em que nos limitamos a vestir a roupa que nos propõem. Se ela não serve, se não se ajusta ao corpo, a culpa é do corpo. Há que mudar de corpo, fazer dieta, não comer coisas que fazem mal...à roupa que nos querem obrigar a vestir. Eis que nos tornamos rapidamente mestres e senhores da dieta. Somos originais: conformamo-nos à "forma" (no sentido culinário do termo) em que nos vamos (nos vão) enformando. Somos arrastados pela corrente do mundo, pensando estar a remar conta a corrente.
É nesta sociedade de consumo, de hiperconsumo que decidimos (livremente) não consumir um sem número de coisas porque fazem mal, engordam ou prejudicam. Como chamar a isto?
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