Haveria razão, se a lógica (aristotélica) funcionasse como deveria. Pelo menos em Portugal, ela não funciona. Toda a razão é suficiente para subir o preço dos combustíveis, quer o seu valor nos mercados internacionais aumente ou diminua.
Aliás, as mesmas razões podem funcionar - segundo um discurso predominantemente falacioso - quer num sentido, quer noutro, a fazer-nos lembrar a lógica do inconsciente, com uma ressalva: eles sabem o que fazem! Por exemplo: se o dólar desvaloriza face ao euro, a culpa da subida dos combustíveis reside nessa desvalorização; se valoriza, como é o caso presente, a culpa reside na valorização.
Mas não é só o discurso falacioso que dá que pensar; também a atitude descarada, sem pedir desculpa, com que tudo isto é feito, é um sinal dos tempos: a vergonha, emoção de tantos pesares e desconfortos e objecto de tantos tratados, já não parece comandar o sentir, o pensar e o agir da maior parte de nós.
4 comentários:
Parece-me que isso acontece porque o discurso já não exprime a realidade subjectiva dos sentimentos, seja a vergonha ou outro qualquer, mas é antes a máscara de um desejo de comando.Ele vale na medida em que serve um ojectivo: é capaz de dirigir as multidões, comandar o rebanho. Já não pretende explicar os motivos, mas antes justificar comportamentos, atitudes, decisões. O discurso, político ou outros, tornou-se essencialmente propagandístico.
Carlos Pereirinha
É a nova (per)versão daquilo que Lacan chamava "discurso do mestre" sob as vestes e na era do capitalismo e do "mediático".
No Brasil a lógica aristotélica também não funciona. Será uma herança dos colonizadores??
Por sinal, o problema tende a "globalizar-se", como tudo o mais...
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