6.3.08

Música ambiente

Ela: "Como consegues estar em casa sem música?"

Eu: "Desligo o rádio para ouvir... a música ambiente".

É verdade que sem música, como dizia Niezsche, a vida seria insuportável. O que acontece é que nos habituámos de tal forma à música "instrumental" que nos esquecemos de que a própria natureza nos "dá" música. Claro: nós damos-lhe o ouvido e a predisposição.

Há momentos em que me canso de ouvir Mozart(eu que gosto tanto de Mozart), de ouvir Bach(mesmo que me encha a alma) ou até Messiaen (que procurou imitar o canto dos pássaros).

Há momentos em que prefiro mesmo ouvir os pássaros. Se não não há pássaros em volta, oiço o vento que brisa ou que sopra. Nestes últimos dias, o vento tem soprado muito. Se não há vento, há outros ruídos. O mundo está cheio de sons e ruídos diversos.

Como o carteiro de Pablo Neruda, que "colheu", da natureza, alguns sons para enviar ao poeta, ou John Cage, que fez silêncio por alguns minutos, para que se ouvisse o som ambiente, ou Erik Satie, que elevou o "intervalo" à dignidade da música... eu desligo, às vezes, o rádio ou o CD para escutar a música ambiente.

E não me refiro, como é óbvio, à música criada com esse nome, a qual é apenas uma tela a mais, encobridora, para que não possamos escutar... a verdadeira música ambiente.

Claro que, outras vezes, também me canso da música ambiente...

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