22.12.06

Dar o que não se tem

Todos os Natais sou invadido por uma certa nostalgia de um tempo - mítico, talvez - em que o desejo de dar ainda não era inteiramente sufocado pelo ter que dar (isto é, comprar) algo para os entes queridos, amigos e conhecidos.

Era um tempo - mítico, talvez - em que ninguém tinha quase nada para dar e toda a gente dava, por isso, até o que não tinha.

A carência (ao nível da necessidade) não mata forçosamente o desejo de dar, podendo até reforçá-lo.

Dar o que não se tem - como dizia Lacan - é amor.

Outros dirão: É Natal.

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