Um dilema está a encostar à parede as sociedades democráticas: ou mais liberdade ou mais segurança. É uma das formas da "alienação" (o termo é de Lacan) contemporâneas.
Mais liberdade implica menos segurança, logo, no limite, menos liberdade, visto que não há plena liberdade sem segurança.
Mais segurança, porém, implica, desde logo, menos liberdade, pois não há verdadeira liberdade num ambiente "restritivo", vigiado, controlado.
Daqui resulta que quanto maior é a liberdade, menor é a segurança e quanto maior é a segurança, menor a liberdade.
O que começa a estar em cima da mesa, actualmente, é a questão de saber em que medida e até que ponto os cidadãos estão dispostos a sacrificar uma "bolsa" da liberdade para se sentirem seguros ou, pelo contrário, em sacrificar uma "bolsa" de segurança para se sentirem livres.
O problema é que agora as coisas são bem menos claras do que na dialéctica hegeliana do senhor e do escravo. Agora, propriamente falando, não há dialéctica: sacrificando a liberdade, por exemplo, em nome de mais segurança, nada nos garante que o preço a pagar não seja, paradoxalmente, mais insegurança. Há o perigo, com efeito, de que ao passar a vigiar-se tudo e todos, cada um de nós se acabe por tornar, para si próprio, um posto de vigia.
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