Ouvi há poucos dias num órgão de referência da comunicação social que, segundo um estudo italiano, as pausas para fumar implicam um prejuízo da ordem de milhões para as empresas durante o ano.
Eis o que leva, talvez, a este "furor prohibendi" relativamente ao fumo e aos fumadores: não perder tempo, pois não há tempo a perder. Não é porque "fumar mata" (pois trabalhar em excesso, sem pausas, também pode matar), mas porque "fumar interrompe" a laboração contínua, que se proibe ao fumador de fumar o seu cigarro.
O trabalhador ideal - segundo o discurso do capitalista - seria aquele que mesmo de noite, de férias... não deixa de trabalhar, de pensar no (seu) trabalho; daí que uma distribuição estratégica de telemóveis de última geração - em vez de maços de cigarros ou charutos - em alturas festivas pudesse ajudar!
Até houve quem tivesse a ideia, na igreja católica, de criar uma estranha organização, cujo nome é "Obra de Deus" e cujo lema é a "santificação pelo trabalho". Talvez seja por isso que muitos empresários são também da "Opus Dei". Valha-nos Deus, que até Esse fez uma pausa para descansar da sua "obra" ao sétimo dia!
Na verdade, o "trabalhador ideal" existe: é o inconsciente. Não há fins de semana, feriados, pausas para este trabalhador incansável. Alguém quer contratá-lo?
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