Haveria razão, se a lógica (aristotélica) funcionasse como deveria. Pelo menos em Portugal, ela não funciona. Toda a razão é suficiente para subir o preço dos combustíveis, quer o seu valor nos mercados internacionais aumente ou diminua.
Aliás, as mesmas razões podem funcionar - segundo um discurso predominantemente falacioso - quer num sentido, quer noutro, a fazer-nos lembrar a lógica do inconsciente, com uma ressalva: eles sabem o que fazem! Por exemplo: se o dólar desvaloriza face ao euro, a culpa da subida dos combustíveis reside nessa desvalorização; se valoriza, como é o caso presente, a culpa reside na valorização.
Mas não é só o discurso falacioso que dá que pensar; também a atitude descarada, sem pedir desculpa, com que tudo isto é feito, é um sinal dos tempos: a vergonha, emoção de tantos pesares e desconfortos e objecto de tantos tratados, já não parece comandar o sentir, o pensar e o agir da maior parte de nós.