Perante um massacre como o ocorrido há poucos dias numa escola da Finlândia, um país considerado exemplar em matéria de ensino e educação por muito boa gente, a reacção imediata, após o choque inicial, é perguntar-se porquê. Perguntar-se porquê é buscar compreender, procurar razões que justifiquem o acto cometido pelo jovem de dezoito anos que, num gesto tresloucado, matou uma série de colegas, entre outros agentes educativos. O problema é que, neste caso, o aluno em questão parecia bem integrado, normal, com uma inteligência acima da média, com uma família...
Haverá, sem dúvida, outras razões, pois, a acreditar nos velhos pensadores, nada é sem razão. É certo que poderá haver razões de natureza familiar, social, escolar, etc., mas o que faz estremecer, desde logo, é que por mais razões que haja ou possa haver para explicar este acto, elas serão sempre insuficientes, ainda que necessárias, para dar conta do que há nele de profundamente desmedido, excessivo, desproporcionado.
Nem todo o real deste acto é racional. Ou então, é a própria racionalidade da razão (parece que todo este acto foi meticulosamente preparado, calculado e divulgado) que se revela aqui irracional. Uma razão fria, como diria Damásio; sem com-paixão ou receio das consequências (como diria, curiosamente, o próprio Kant).
Como pode combater-se alguém que está disposto não só a matar como a morrer? Vale a pena reler "O Mal-Estar na Civilização", de Freud, para ver por que era ele tão pessimista sobre a natureza humana... Na verdade, por mais "inumano" que ele nos pareça, este acto é filho do humano.
2 comentários:
Contrariamente ao adágio "o preço da segurança é a eterna vigilância", assertiva tão presente nesses tempos onde grassa o terror, vejo mais precisão na afirmação de Jorge Forbes de que "o preço da segurança é o eterno delito".
Uma interessante "torção" do ponto de vista topológico...
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