Passados que são 150 anos sobre o seu nascimento, um pouco por toda a parte - e também em Portugal - o nome do criador da psicanálise, Sigmund Freud, continua a sucitar interesse, se bem que nem sempre pelas melhores razões. Um dos casos mais recentes é o da revista VIP (nº 488, de 22 a 28/11/2006).
É "sintomático" que a história descambe facilmente para a "anedota", o facto curioso, a piada (de bom ou mau gosto), o mito. Seria Freud um tarado sexual? Um viciado em cocaína?... Eis as perguntas que são colocadas, de forma recorrente e quase exclusiva, sobre o fundador da psicanálise. Tudo o mais é relegado para segundo ou terceiro plano, quando não é simplesmente esquecido.
Compreende-se, de alguma forma, que assim seja, na época de mediatização generalizada em que vivemos. Que importa às audiências, às massas, ao leitor anónimo a verdade (mesmo se Freud baseou a psicanálise no "amor da verdade") ou o real da coisa em questão. O que importa é que os mitos continuem a circular de mão em mão, de boca em boca, como moeda gasta, como diria Mallarmé.
Mas é por isso também que aqueles que são (raramente) chamados a dizer de sua justiça, possam esclarecer os equívocos, recolocando no seu devido lugar a página esquecida (ou a esquecer), sem a qual a história (da psicanálise) fica inevitável e irremediavelmente deturpada. Foi o caso, neste número da revista VIP, de José Martinho, representante em Portugal da Associação Mundial de Psicanálise, catedrático de Psicologia da Universidade Lusófona e presidente da Antena do Campo Freudiano.
Já agora: Freud era VIP (Very important person)? Sem dúvida, caso contrário, como teria sobrevivido 150 anos?
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